domingo, 23 de maio de 2021

PEITO NU

 

 (Al Margen)




A mão enrugada abre a porta da sala 1806. Dos lábios, um gritinho rouco, obscuro. Os olhos veem no tórax arquejante e no abdômen saliente muitas, muitas palavras aglutinadas como se fossem cristais rubros. Dois ou três espermatozóides passeiam sem pressa pelo carpete macio, saindo porta afora, assim, como quem não quer nada. O zíper se fecha. Os lábios sentenciam: “muito estranho, muito estranho.”


No teclado, o brilho da Lua refletia-se em vão.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se o tempo chovesse

  (Suzanna Schlemm) Se o tempo chovesse,             possivelmente O tempo choveria longo,             choveria sempre. Se a chuva fosse o t...