(Giovanni Giacometti)
Ah! Velhas paragens cansadas pela solidão
Bois magros a consolar sua desesperança
Clama como as águas de teus riachos secos
Resplandecendo velhas memórias.
A velha charrete ainda no mesmo lugar
Onde tantas glórias viveu; agora, esquecida
Recita mágoas às cocheiras pacientes,
Contando ciúmes do moderno quadrúpede
Nem mesmo o Sol mudou, cara risonha,
Avermelhado sorriso do amanhecer;
Tudo é ironia e desilusão no abandono
Que cerca esse lugar alegre que já foi feliz.
Os cabelos brancos, signo expresso, cavalgam
Ao vento esvoaçantes, soltando raios luminosos
Viajando sem rumo, o canto ecoa ao longe
Vozes apagadas do passado gritam velhos absurdos
Inaudíveis e irreconhecíveis aos de hoje.
O Homem vai à Lua, projeta viagens espaciais
Enquanto o cachorro sarnento rói seu osso, indiferente.
A mulher sem dentes lava a roupa suja
E as crianças pululam por todos os cantos
Irriquetamente - é a vida.
(manuscrito; 09/04/83)
Nenhum comentário:
Postar um comentário