sábado, 10 de setembro de 2022

Eppur si muove:

 

(Giovanni Giacometti)



Ah! Velhas paragens cansadas pela solidão

Bois magros a consolar sua desesperança

Clama como as águas de teus riachos secos

Resplandecendo velhas memórias.

A velha charrete ainda no mesmo lugar

Onde tantas glórias viveu; agora, esquecida

Recita mágoas às cocheiras pacientes,

Contando ciúmes do moderno quadrúpede

Nem mesmo o Sol mudou, cara risonha,

Avermelhado sorriso do amanhecer;

Tudo é ironia e desilusão no abandono

Que cerca esse lugar alegre que já foi feliz.

Os cabelos brancos, signo expresso, cavalgam

Ao vento esvoaçantes, soltando raios luminosos

Viajando sem rumo, o canto ecoa ao longe

Vozes apagadas do passado gritam velhos absurdos

Inaudíveis e irreconhecíveis aos de hoje.

O Homem vai à Lua, projeta viagens espaciais

Enquanto o cachorro sarnento rói seu osso, indiferente.

A mulher sem dentes lava a roupa suja

E as crianças pululam por todos os cantos

Irriquetamente - é a vida.



(manuscrito; 09/04/83)

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