(Doña Juana la Loca (1877), de Francisco Pradilla y Ortiz)
eu joguei a terra sobre teu corpo pútrido
para que nele germinasse a vida
como um grão germina,
e a vida veio,
ainda que não tão bela.
mas a beleza é humana, como a morte;
tudo à volta fenece,
só o teu olho, ao não mover,
o teu cenho úmido polido outrora
atesta o roubo,
roubaram-te a centelha,
mas não permitirei que te roubem as carnes;
quão egoísta tu fosses! a vida mesma coroou-te rei
e ei-la dispersa abraçando a gema,
multiplicada no manto ácido corroendo-te as faces.
não és mais uno, porém persistes vivo nestes mil corpos
caminhando sobre o meu,
e me sussurras no gozo:
a morte nada mais é que uma das formas
de amor.
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