(Escultura de Maria Martins - foto de Cristiana Isidoro)
o metro de cem centímetros parecia-me ter bem mais deles, eu sei,
mas era pequeno e contrito como a piedade de um ímpio, e lembrei-me de alguém
medindo-se, mantido dentro de seus limites, equilibrado como um pêndulo.
de que me vale o metro, se ele não me mede a fé? mas mede meus passos,
e sei: nada sei sobre quantos me distam de ser salvo, perdão, ó pequena salamandra,
é minha alma quem zomba de ti e que te diz assim, não eu.
eu sei que em três ou quatro voltas em torno de mim, de meu gibraltar a meu pólo sul
(onde está meu desejo), depois de um extremo a outro de meus braços generosos e meu peito
magro, sim, você me mediria e me teria assim em medidas precisas, como meu corpo me tem
em mim, mas a alma sorri e espoja-se em sua sombra, pois dela você nada sabe, os passos
a serem dados à danação ou ao êxtase.
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