terça-feira, 29 de junho de 2021

ÓSCULO

 

(James Ensor)


Não tenho nada a dizer.

 

E é neste paradoxo que desenvolvo minha antifala, meu discurso vazio

(perdão!, não vazio, com um pontinho preto numa página

Amassada):

Nada a dizer, nada a declarar, não há nada a ser dito

(o que quer dizer que há algo a se dizer).

E é neste aparente paradoxo que desenvolvo minha procura entre tanto

E tantos que dizem e que se diz, sem que realmente nada haja para ser dito:

Procuro o que não dizer, e é só isto que digo:

O que não digo.



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