quinta-feira, 24 de junho de 2021

poema em mar

(Tiha Toleva - sea star)
 



a estrela marinha

perguntava ao seixo:

“como deixa o silêncio

cobrir-te as entranhas?”

o seixo, sábio, responde:

“calo e não me expando,

sou de meu tamanho.

o que não é pouco”;

estrela insistente,

“mas teu silêncio perdura

e dele nada emana

a não ser uma possível candura

daqueles a quem

nenhuma palavra profana

a estupidez!”

o seixo quietou-se

até que a estrela partisse

do mar e, feita souvenir,

percebeu no seixo

a sabedoria do semelhante,

do indistinto, do silêncio,

pois este é o único que sobrevive

à intempérie de se existir.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se o tempo chovesse

  (Suzanna Schlemm) Se o tempo chovesse,             possivelmente O tempo choveria longo,             choveria sempre. Se a chuva fosse o t...