domingo, 1 de agosto de 2021

PENUMBRA

 

(Vladimir Bakanov-Rossine:1888-1942)

É noite. A casa dorme soturna e sossegada na madrugada que acena longinquamente um adeus. O garoto continua em sua indiferença quase mórbida, de olhos cerrados, fechados, quietos com os lábios. A sala exibe sinais, código de uma festa antepassada, fóssil, antiga, anterior aos próprios habitantes. No armário da cozinha, esse recanto familiar e culinário, só a vela ainda pensa, maquina ebriamente, de pensamentos embargados de vinho, táticas e guerra, poderes e podres, lutas e batalhas. O mundo será meu, diz ela inaudível.

Estamos salvos. Pelo menos até a próxima festa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se o tempo chovesse

  (Suzanna Schlemm) Se o tempo chovesse,             possivelmente O tempo choveria longo,             choveria sempre. Se a chuva fosse o t...