(Odilon Redon - a batalha dos ossos, 1881)
Massa de pão,
miolo amassado na mesa,Pisado no chão.
A nata fria geme,
Gela a gordura num grito fino,
Firme.
No fogão, a chama acesa esquenta
Pedaços de papel
E fantasia dura, fantasmas pálidos
De uma sombra
Esquecida num canto da cozinha.
As palavras, torradas secas,
Pulam e se enrijecem, movem-se tortuosamente
na frigideira;
Espojam-se na gordura quente até
carbonizarem-se.
Uma mão rosada toma para si,
Entre seus dedos, uma parte da massa
E a esfrega nas cinzas azuis
E mornas, uma reminiscência, uma parca
ilusão.
Mordisca,
mastiga essa ex-vívida imagem,
engole então.
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