quinta-feira, 11 de agosto de 2022

A gde. foda da vida

 

(Mia Mäkilä) 



A gde. foda da vida

É torcer-se o coração

E notá-lo cheio

De amor e amargura

De amores não dados

De amarguras recebidas

Porra, eu quero

Esporrar amor pelos poros

Mas nunca encontro óvulos

Fecundáveis

Mais:

Nunca encontro vaginas

Penetráveis

O que fazer?

Autofelação,

Homossexualismo (não, isso não),

Castração

Ou suicidio?

Vejo-me perante três hipóteses

Tão horrorosas

Quanto prováveis.



Mas, enquanto minha insegurança

Segura as pontas,

Dos meus seios flácidos escorre

O colostro

Que, por razões desconhecidas,

Ninguém quer sugar.

Que terrível sensação

De ser uma ejaculação

Ambulante,

Das pessoas acharem-me

Viscoso,

Viscoso de sêmen maldito

Embebido em lágrimas

E sangue de abortos!

Quão pedante, quão indescritível

A emoção

De explicar-se como um coração vazado

Que tenta molhar tudo que toca

Num misto de amor e leite!

(Que nojo!)

Vomitem, amigos e irmãos!

Pois, enquanto me decido

Minha posição é do chafariz

Jorrante

Assistindo a náusea da coletividade

Até que picaretas me quebrem

Ou que eu me afogue

Nos meus próprios excrementos

De afeto.



(manuscrito)

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