sexta-feira, 23 de abril de 2021

Atos Impuros





a Pasolini



Meus atos impuros são muitos, em muitos se relatam

e muito de mim falam.

Empurram-me tão longe de mim que me perco



Minhas mãos possessivamente minhas distendem os ares,

esfacelam pequenos grãos de trigo

E afagam cabelos, ventres, dorsos de granito.



Meu corpo que profano, quão pecador que és!

gritas mais alto do que posso ouvir,

E sussurra baixo demais para que possa me excitar.



Meus atos tolos, impuros; esmigalham-se nas prensas do tempo

sem que deixem vestígios de mim.


(Ilustração: Elisa Riemer)

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