terça-feira, 31 de agosto de 2021

Mulher

 

 
 (Dino Valls)

 

Tenta-se passar de fininho

Na sua sorrateira posse,

Mas não se consegue:

Teus olhos de águia sedenta

Não permitem desvios

Nem desafios;

 

Tenta-se ouvir o teu canto

Um uivo ferino que raspa

O hímen da noite;

O negro no açoite

Diz que estás fora e não quer te chamar;

 

Tenta-se abraçar o teu corpo

De fêmea ardente,

Mas que ninguém tente,

Pois nas tuas armadilhas de fogo

Se perdem gregos e troianos,

todos os anos;

 

Bruxa maldosa, feiticeira do profano,

Perdoa meu engano;

Deixa eu coifar os teus pelos,

Brincar de amor em teus seios,

Pr’eu te afogar em teu manto.

 

Pr’eu, em tua tumba soturna,

Padecer em teu pranto.



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