terça-feira, 11 de maio de 2021

pelas ruínas de Atenas

(Salvador Dalí)
 

pelas ruínas de Atenas caminha o partenon

rodeando

as esfinges;

pirâmides respingam em seu olhar vinagre quente

 

máscaras coreografam seus movimentos inertes,

e tornam-se audíveis acordes

de melodias perdidas no tempo;

é tarde, eu sei.

 

seu lado ferino se manifesta às doze badaladas

do relógio da sala;

não tenho medo de seus envios.

 

se pudesses, tolherias a corrente dos rios,

secá-los-ia às nascentes, não permitiria seu rumo.

 

avalio a grandiosidade das montanhas;

mas não se comparam aos picos do ser

apesar de serem belas

e desvirginarem as nuvens

num constante;

 

os ventos do deserto assopram suas areias,

grãos que viajam em destino de outros

amarelos átomos de solidão iminente.

 

continuo a rabiscar minhas folhas em branco,

apesar de mais sábio e mais sóbrio

de ser.

 

rabiscos que formam figuras estranhas, fragmentos de real

sonhos de criança, lembranças de viver



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