(Javier Marín)
eu te pediria tempo e paciência, para além do pesar
mas ao tempo cabe os mortos
assim como aos vivos a tolerância;
mortificada, te colocas entre o que sois
e seu devir desinente de ser,
mulher de olhos gastos.
eu te contemplo agora em meu corpo trespassado
e,
se eu fosse o verbo, tu me terias calado
se fosse o vento que sopra para além,
eu seria o pó,
ainda que não tão sereno,
eu te erodo as faces
como o mar escava uma falésia,
e roem tuas encostas;
escalavradas, em meus ouvidos moucos ecoam
os gritos das rochas tragadas pelas águas,
o cantar das pedras afogadas;
ruem as dunas.
minha dor cessa no primo precipício
aonde a tua se escancara;
rasgado o ventre mãe
corre a areia da memória (duna outrora)
atritando o tempo vítreo.
risca, maldito,
para que eu siga o teu traço duro
de tecelão.
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